quarta-feira, maio 17, 2006

“É POSSÍVEL LUTAR, RESISTIR E GANHAR”

É costume ligar-se a precariedade a todas as pessoas que não tenham um emprego fixo e contratado.
A realidade mostra-nos que em Portugal não há 20 % de precários, nem 30, nem 50 ou 80%. Há em Portugal 99,8% de precários. E não são 100% porque o país tem uma série de gestores públicos que têm sempre o seu tacho assegurado. O recente caso da Opel, mostra-nos isso. Qual a estabilidade do emprego das pessoas que tendo um contrato sem termo estão assim ao dispor de uma vontade de um qualquer patrão ou conselho de administração? A realidade mostra-nos que todos somos precários a ponto de António Peres Metelo, hoje na TSF falar no contra-senso que é os trabalhadores (referindo-se ao caso da Lear) terem de decidir se querem uma rescisão amigável ou se obrigam o Patrão a um despedimento colectivo, ou seja, não se vai discutir se podemos ou não discutir a forma de manter o posto de trabalho mas sim a forma como vamos passar à miserabilidade.
É a globalizações dizem-nos. É a economia a funcionar. O mercado a auto-regular-se.
Temos responsabilidades? Ah pois temos, especialmente na forma como estamos há 30 anos a desbaratar direitos que foram conquistados em Abril. Porque nos demitimos de lutar por centrais sindicais melhores. Porque aceitamos uma CGTP subordinada á agenda do PCP e uma UGT á do PS. Porque não ousámos lutar quando o deveríamos ter feito. Olhem para a França. Ganharam a guerra? Não!!!! Mas conquistaram uma batalha que pode dizer ao resto da Europa.
“É POSSÍVEL LUTAR, RESISTIR E GANHAR”
A precariedade não é uma inevitabilidade.

"Arthur Conan Doyle "

Uma cidade sem precariedade

Precários da CML

Caros companheiros
Como recentemente veio - mais uma vez - a lume, a Câmara Municipal de Lisboa tem largas centenas de precários - recibos verdes, contratos a prazo, etc. O Sindicato dos Trabalhadores do Muncipio de Lisboa tem vindo a procurar intervir neste campo, exigindo a criação de vagas nos Quadros para a integração de todos os trabalhadores que desepenham funções de caracter premanente. Tem sido uma luta complicada, até porque a intimidação e repressão cresce a olhos vistos e muitos dos companheiros nestas situações são alvos de pressões e intimidações, com as chefias a agitar a "cenoura" do "concurso que está para sair" e o pau da "informação de serviço".O Sindicato dos Trabalhadores do Município de Lisboa - STML - tem vindo a bater-se pela integração dos trabalhadores precários tendo já realizado uma greve - de efectivos e precários - durante a gestão da Coligação por Lisboa.Dentro de dias, o Sindicato dos Trabalhadores do Município de Lisboa irá promover um plenário de trabalhadores precários para, colectivamente, decidir-se formas de acção. Fica a aqui a noticia e o apelo aos precários da CML para participarem e tomarem nas vossas mãos a luta. Asseguro-vos que podem contar com o STML.

Francisco d'Oliviera Raposo
Direcção do STML ( a título pessoal)

domingo, maio 07, 2006

Para mim, não havia dinheiro, mas....

Em 2002 eu tinha um contrato de avença com um hospital público (Hospital de Egas Moniz). Esse contrato durava há mais de 3 anos.
Nesse ano, apresentou-se naquele hospital, um indivíduo, vindo para desempenhar as funções Director Financeiro, que era simultaneamente Director da Informática doutro hospital público – Hospital de Santa Marta. Isto é, desempenhava funções em dois Hospitais públicos, nunca eu tendo conseguido averiguar se estava legal. Pedi posteriormente averiguação ao Ministro da Saúde de então, disseram que me haviam de dar uma resposta, mas nunca o fizeram.
Estou a falar dum senhor que dá pelo nome de Carlos Costa, perdão Dr., porque foi pelo facto de eu não o tratar dessa maneira que fiquei “desempregado”.
Achei tudo aquilo um pouco esquisito – refiro-me ao facto de ser director duma Direcção Financeira -, dado que o indivíduo era licenciado em Direito. Bem, mas adiante.
Dado que o indivíduo nem por senhor me tratava, um dia tive de o corrigir, tendo o mesmo decidido pôr fim ao meu contrato de avença, dado que não lhe lambi os pés.
Recentemente, como por mero acaso, dei com a pessoa como Director Financeiro do Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento.
Isto é, movimenta-se demasiado bem e depressa pelas largas avenidas do Estado, não acham?
Na discussão acesa que tive com ele antes do mesmo me “despedir”, disse-me que o Hospital não tinha dinheiro para me pagar uma avença. Disse-me ainda que as avenças na função pública eram somente para os advogados. Ora, bem. O que é facto é que para o meu lugar entraram umas três pessoas.
Eu pergunto: Não havia dinheiro para me pagar a minha avença, mas tinha o Estado dinheiro para lhe pagar dois vencimentos?
A bem dizer este aborígene deu-me cabo da vida. Mas, em democracia, principalmente nesta democracia podre, temos de comer e calar?

Bem, mas vocês não acham que é de desconfiar, de alguém que consegue trabalhar em pouco mais de um ano, em três instituições diferentes.

Vítor Monteiro